O dia da toalha
Data virou um “feriado” do orgulho nerd
Tanto a toalha quanto o 42 (e possivelmente até alguns golfinhos) são referências à série de ficção científica escrita por Douglas Adams, O Guia do Mochileiro das Galáxias.
Na trama, Arthur Dent, um inglês sem nada de especial, tem sua casa demolida para dar lugar a uma construção. Culpa da burocracia. Para evitar isso, Dent precisaria ter ido, meses antes, à prefeitura pedir o cancelamento de uma obra nunca notificada.
O lado bom é que ele não teve que dormir nenhum dia na rua. Logo depois, uma raça alienígena avisa que a Terra vai ser demolida, uma construção vai ser feita no lugar (e que se eles não quisessem isso, teriam que ter ido à um escritório, meses antes, em outra galáxia, pedindo para que a tal da obra fosse cancelada).
E aí, em apenas algumas páginas de livro, o mundo acaba. Só que Arthur é salvo: ele descobre que um de seus melhores amigos, Ford Prefect, na verdade é um alienígena que escrevia para o livro mais importante do universo: O Guia do Mochileiro das Galáxias (uma espécie de guia de viagens com dicas intergaláticas).
Antes de sair do planeta, a única coisa que Arthur consegue pegar é (advinha só?) uma toalha – que, segundo Ford, é uma das mais complexas ferramentas já inventadas desde o Big Bang.
Com seu humor nonsense e altamente crítico, Adams ganhou o mundo. O Guia começou como um programa de rádio na BBC, se espalhou pelo planeta em forma de livro (cinco deles, para ser mais exato), ficou um tempo na televisão e fez sua última aparição nos cinemas, em 2005, com um filme estrelado por Martin Freeman (o Bilbo Bolseiro de O Hobbit).
Acabou virando um dos principais ícones pop do século 20, com os livros sendo traduzidos para mais de 30 idiomas.
Até que, em 11 de maio de 2001, Adams faleceu por conta de um problema cardíaco. E é aí que a história sobre o Dia da Toalha começa. Os fãs sentiram que precisavam homenageá-lo de alguma forma, mas não conseguiam se organizar para prestar a tal ode ao criador da série.
Ninguém conseguia chegar a um consenso sobre a data. Várias sugestões começaram a pipocar em fóruns, a maioria envolvendo o número 42 (na mitologia de Adams, alienígenas perguntam a um supercomputador qual é a reposta para a Vida, o Universo e Tudo mais.
A máquina diz que a resposta, com certeza, é “42”, mas que ele não sabe qual é a pergunta). O que fazer, então? Transformar o 42º dia do ano em “Dia do Douglas”? Comemorar na 42ª sexta-feira do ano? Ficou decidido, então, que a homenagem seria feita quando se completassem 42 dias da morte de Adams, em 22 de junho.
A coisa toda, no entanto, desandou. Os fãs perceberam que estavam demorando demais para agir, e acabaram inventando o Dia da Toalha para homenageá-lo na data mais próxima.
Não foi quando ele morreu, nem em nada que envolvesse o tal do 42. Foi uma data qualquer, quando se completaram duas semanas da morte do autor. A data você já sabe, 25 de maio.
O dia aparentemente escolhido sem muito critério acabou ganhando força por uma coincidência. Foi em 25 de maio que Star Wars foi exibido pela primeira vez nos cinemas, em 1977.
Em 2006, quando Guerra nas Estrelas completou 29 anos, os fãs notaram que as datas batiam, e a comunidade geek acabou adotando o dia e o transformando não só em uma coisa para os fãs do Guia. Nascia ali o Dia do Orgulho Nerd.
Mas na página oficial da comemoração do Dia da Toalha há uma boa justificativa para o dia 25. “Como o universo que Douglas Adams criou era repleto de absurdos e acasos, essa talvez tenha sido a escolha certa, no fim das contas”, escrevem os organizadores.